Nós mulheres, principalmente as mulheres da minha geração, vivemos um grande conflito. Por um lado, fomos ensinadas, desde criança, que deveríamos procurar nosso espaço, sermos independentes financeiramente, nos satisfazermos em nosso trabalho. Mas, por outro lado, também sempre passamos por cobranças em relação à família, filhos… E, no final das contas, o resultado é frustração atrás de frustração, porque sempre alguma coisa será deixada de lado em prol de algo mais urgente/importante.
Quando escolhi a Neurocirurgia, a frase que mais ouvi foi “ Você não quer ter filhos? Não quer ter uma família? Se quer, então mude sua opção.”
É verdade que, durante a residência, o convívio familiar ficou em segundo plano. Não sei se piorou ou melhorou, fato é que aprendi com o tempo a definir prioridades e melhorar a qualidade do pouco tempo junto com minha família. Como eu fiz isso? Não tenho ideia. Foi acontecendo à medida que se fazia necessário.
Porém, aqueles questionamentos fazem sentido. E o fazem no exato ponto em que devemos definir o que é mais importante em cada etapa, e aprender a adiar o que pode ser adiado.
Cada um tem sua lista de prioridades, nenhuma é certa ou errada, cada um tem momentos diferentes para planos diferentes, E ESTÁ TUDO BEM! Você não é pior nem melhor por ter escolhido ter filhos, por querer um trabalho que permita mais tempo livre para se dedicar à família. Eu não sou pior ou melhor por ter escolhido priorizar a Neurocirurgia, e abrir mão de construir uma família.
A vida é assim, escolhas são feitas a todo momento, e o difícil não é fazer as escolhas. Difícil é lidar com as consequências, então escolha a opção cujas consequências você suportaria melhor.